Por que a invasão militar russa na Ucrânia afeta a transição energética global
A guerra da Rússia e da Ucrânia parece longe de terminar e a cada dia que passa, maiores são os efeitos, tanto na sociedade quanto no mercado.
A geopolítica energética passa por um momento difícil. Os preços de petróleo e gás são os mais altos em quase uma década e a necessidade por independência energética pode representar o atraso da transição energética global.
Contra a iniciativa russa, Estados Unidos e União Europeia seguem fazendo sanções econômicas, o que não parece ser suficiente. De acordo com a Agência Internacional de Energia, a Rússia é o país que mais exporta petróleo no mundo e que alimenta a economia europeia com o fornecimento de gás natural. Mesmo sob sanções, ainda o país é capaz de escoar sua produção de combustível fóssil e a dependência energética dos países europeus é a principal proteção política russa para que não haja apoio à Ucrânia.
O caso da Alemanha, que depende dos combustíveis fornecidos para cerca de metade de sua matriz energética, ilustra bem a situação. Até então, as estratégias que vinham sendo utilizadas para romper com essa dependência eram: diversificação de mercados de petróleo e gás natural, estímulo para as usinas de carvão e investimentos em energias renováveis. O problema disso, é que grandes players como países europeus diversificando os seus mercados faz com que os preços aumentassem ainda mais em países subdesenvolvidos.
O ritmo em que deve acontecer a transição energética é um tema amplamente discutido para que seja de fato global. Nessa corrida contra o tempo entre neutralizar emissões e urgência energética a União Européia através do RePowerEU, pode ter dado um passo para a transição desigual. O programa consiste em um investimento de 300 bilhões de euros até 2030, sendo 288 deles destinados para o setor de energias limpas.
O que se espera a partir desse pronunciamento é uma transição acelerada nos países europeus e enquanto esse processo acontece, cresce o investimento em combustíveis fósseis em diversas partes do globo. Dessa forma, o cenário de guerra a longo prazo só aproxima países desenvolvidos da tão sonhada transição. O impasse para os demais países é que para atender às novas demandas aumentam a sua emissão e atrasam a meta de neutralizar emissões até 2050 da ONU.