Elon Musk e a polêmica do trabalho remoto: onde entra a sustentabilidade nessa discussão?

Elon Musk anunciou que todos os funcionários da Tesla deverão voltar ao presencial, ou então, como disse o mesmo, “procurar outro emprego”.

Na direção contrária ao que se ouviu  durante grande parte da pandemia, para ele, existe maior produtividade em ambiente corporativo. Nessa busca pelo melhor modelo de trabalho, questões relacionadas à mudança climática devem ser levadas em consideração para que não representem uma ameaça ainda maior.

Assim que a pandemia se instaurou oficialmente, a saída encontrada pelas companhias para os colaboradores, que não desempenhavam funções em que não é necessário estar presente, foi o trabalho remoto. Esse modelo de trabalho fez muito sucesso entre os colaboradores que viram sua qualidade de vida aumentar. Houve também, o aumento no número de videoconferências, a utilização de ferramentas informais e a cobrança por disponibilidade antes ou após o horário comercial, e isso mostrou um outro lado da moeda para esse modelo de trabalho.

Durante a pandemia, as empresas viram a satisfação de seus colaboradores em poder trabalhar remotamente, reduzindo o seu tempo de deslocamento e participando ativamente da dinâmica familiar. Por isso, contrapondo a fala de Elon Musk, muitas companhias mantiveram o modelo remoto ou se adaptaram para um modelo híbrido em que o funcionário tem autonomia de decidir de onde prefere trabalhar. O problema disso é que agora, além de precisar garantir condições para que o funcionário trabalhe em casa, existe uma série de outros fatores que devem ser considerados nesse modelo de trabalho.

Até o momento, somente aspectos sociais do modelo estão sendo levados em consideração, no entanto, existe um outro fator de extrema importância e que deve estar na perspectiva das lideranças, o combate à mudança climática. De acordo com CDP (Carbon Disclosure Project) menos de 200 das 13000 empresas que reportam dados ambientais incluíram informações sobre trabalho remoto em seus relatórios. Com o trabalho de casa, o cálculo das emissões atingiu um novo grau de complexidade e essa falta de informação criou uma cortina que invisibiliza dados importantíssimos para a criação de uma estratégia de compensação.

Além do desafio de entender qual é o impacto na pegada de carbono de uma companhia com modelo híbrido de trabalho, é necessário que a sustentabilidade participe da discussão para que não comprometa as metas das empresas até 2050. Portanto, estabelecer métricas, estabelecer uma comunicação interna clara e alinhar pilares sustentáveis com logística e produtividade, pode fazer com que uma companhia assuma o papel de modelo e seja bem vista.